Qual seria a sua reação ao receber o diagnóstico de que há algum
problema com o seu coração? Vou além em meu questionamento: o problema
clínico no órgão acometeria suas emoções ou seria o inverso sendo as
emoções causa de problemas no coração? São questionamentos ricos e
pertinentes para nossa reflexão juntos, embasados em Filosofia e em
Psicanálise, áreas de minha formação e nas quais atuo. Posso contar com sua
companhia nessa reflexão? Ótimo, então vamos lá.
Pois muito bem, a partir das perguntas que expus acima, podemos
iniciar pensando na primeira delas que é justamente na nossa reação ao
receber um diagnóstico que venha comprometer nosso coração, como você
reagiria sabendo que muitas das atividades físicas que sempre exerceu agora
não serão mais possíveis de serem realizadas e outras precisarão ser
drasticamente reduzidas para evitar um fim trágico?
Caberia à nós então habilidades como a resiliência e flexibilidade? Há aquela velha metáfora do
bambu chinês que enverga em meio a uma grande tempestade, mesmo sendo
fino, mas não se quebra e sai voando aos pedaços tal como uma grandiosa
árvore grossa e esteticamente mais atraente e deslumbrante em relação ao
bambu. Exercer a resiliência e flexibilidade é saber contornar as “tempestades”
da vida, a vida nos expõe a situações de risco, talvez a vida em si seja um
contrato de risco, então dito isso, qual seria sua reação (de modo extremo):
seria deitar, chorar e desistir acometendo sua saúde bem estar emocional ou
viver esse momento de “luto” (termo da psicanálise) temporário, se recuperar,
se reinventar e seguir à frente nessa jornada existencial ?
Quando citei o termo “luto”, ele é conhecido e utilizado na psicanálise,
é também um momento de baixa libido, da chamada “pulsão de morte”, que
traduzindo de um modo didático e simplista seria como que se permitir sim ficar
triste, mas em um curto espaço de tempo (alguns dias ou semanas) se
reerguer e enxergar “luz no fim do túnel”, respirar fundo, assumir a
responsabilidade e pensar algo como: “-
Não posso parar e me deixar abater vou seguir adiante contornando as limitações físicas e não me deixando abalar emocionalmente… Aja coração!”.
E o emocional por si só, teria impacto no aspecto físico e comprometimento no funcionamento do coração? A área da saúde emocional, da psicologia e psicanálise trabalha muito com o conceito de doenças psicossomáticas, que são fruto do mal estar emocional. Recebo muitos casos
em meus atendimentos clínicos em que a mente transborda com emoções
tóxicas e acometem várias partes do corpo, desencadeando gastrite, insônia,
alergias, ansiedade, depressão, angústia… São frutos de palavras não ditas, de
lágrimas represadas e recalcadas no inconsciente, frutos de se privar de ser
humano, buscando ser uma pessoa perfeita e aceita pelo meio social em pleno
século 21 em que vivemos que valoriza o “parecer ser” ao contrário de dar
valor ao “ser” que somos, pessoas que sorriem e choram, que se alegram e se
entristecem, que ora são estão saudáveis ora estão doentes…
Aja coração para aguentar tudo isso, não é mesmo? A partir de nossa
reflexão, o que você poderia dizer à alguém que tem um diagnóstico concreto
sobre o desempenho do coração? E se essa pessoa diagnosticada for você,
como reagir? E para finalizar esse artigo cheio de indagações pertinentes e
ricas em suas intenções: como está lidando com suas emoções?
Certa vez ouvi de uma mulher em meu atendimento e ela contou que descobriu que
estava sendo traída e segundo ela tal descoberta “… foi como uma facada em
meu coração!”, pois então, como você anda gerenciando suas emoções?
Espero que essa reflexão possa vir a agregar em sua vida e em seu bem estar
físico e emocional.
Dr. Thiago Pontes
Psicanalista e filósofo